A indústria brasileira de alimentos reafirmou seu papel estratégico na segurança alimentar global durante painel do Congresso Fispal Tec 2025. Com o tema “Indústria Brasileira na Liderança: Alimentos Industrializados e Segurança Alimentar para Escalar a Alimentação Global”, especialistas discutiram como o país, sendo um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, pode avançar na agregação de valor aos produtos e na garantia de acesso a alimentos seguros em escala global.
O Brasil como potência alimentar
O Brasil destaca-se como uma potência na indústria de alimentos, sendo um dos maiores exportadores mundiais em diversos segmentos como proteína animal, café, açúcar e suco de laranja. A indústria alimentícia representa 10,8% do PIB nacional, demonstrando sua relevância econômica e estratégica para o país.
Sulivan Alves, diretora técnica da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), destacou que o Brasil exporta carne de aves para mais de 150 países e ocupa posição de liderança no ranking mundial de exportação também de carne suína e ovos. “A proteína animal é essencial, e o Brasil tem sido complementar em alguns mercados e essencial para outros, apresentando um importante papel nutricional”, afirmou.
Industrialização e valor agregado
Marcel Sacco, Global VP Growth Office da MBRF (antiga BRF), ressaltou que a empresa exporta carne para suas próprias unidades processarem em outros mercados, combinando valor e volume. “A gente tem agregado valor, que é um objetivo do país como um todo”, destacou. Segundo ele, após a pandemia, aumentou a preocupação dos países em garantir a segurança alimentar de suas populações.
Para a MBRF, representante de marcas como Sadia, Perdigão e Montana, dois pilares são fundamentais: transparência e qualidade. “A gente não consegue entender food safety sem comunicar de maneira muito clara com os consumidores e clientes tudo o que tem dentro do nosso produto e como são nossos processos de produção”, explicou Sacco.
Um exemplo concreto de inovação mencionado foi a BRF Ingredients, divisão que transforma coprodutos do abate em itens de alto valor agregado. “Abatemos 7 milhões de frangos e 37 a 38 mil suínos por dia, gerando 140 a 150 mil toneladas mensais de coprodutos que se transformam em 35 mil toneladas de produtos de valor agregado, desde aromas até heparina para a indústria farmacêutica e válvulas de coração para a indústria médica”, revelou Sacco.
Desmistificando os aditivos alimentares
Um dos temas mais debatidos foi o uso de aditivos na indústria alimentícia. Fernanda de Oliveira Martins, Senior Nutrition and Health Advocacy Manager Latin America da Unilever Alimentos, trouxe uma perspectiva esclarecedora sobre o assunto.
“Aditivo é um nome genérico dado para um grupo de substâncias muito amplo”, explicou Fernanda. Segundo ela, muitos aditivos são substâncias presentes naturalmente em alimentos, como a lecitina (encontrada na gema do ovo e na soja) e o glutamato monossódico (presente no leite materno, queijos e cogumelos).
A especialista destacou que os aditivos têm funções tecnológicas importantes, como conservação, textura e sabor, sem necessariamente ter função nutritiva. “Quando as pessoas falam ‘não coma nada que você não identifique no rótulo’, talvez a gente precise falar mais de educar a população sobre o que são esses produtos, do que evitar esses ingredientes”, defendeu.
Comunicação e transparência
Marcel Sacco mencionou iniciativas como a inclusão de QR Codes no painel frontal das embalagens, permitindo que os consumidores obtenham informações detalhadas sobre os produtos. “Os meios digitais possibilitam essa troca de conversa muito mais fácil e interativa do que era antes”, destacou o executivo da MBRF.
Eduardo Berkovitz, presidente da ABIEF (Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis), reforçou a importância da comunicação clara sobre a tecnologia envolvida nos alimentos industrializados e o papel das embalagens na redução do desperdício e garantia da segurança alimentar.
Sustentabilidade e desafios futuros
A questão da sustentabilidade também foi abordada, com Marcel Sacco mencionando o programa de eficiência na utilização da água na MBRF, que inclui metas anuais de redução de consumo e proteção de mananciais próximos aos 29 frigoríficos da empresa.
Gisele Camargo, vice-diretora do ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos) e moderadora do painel, concluiu que “o Brasil tem um papel estratégico na segurança alimentar global” e que “os alimentos industrializados, quando baseados em ciência, inovação e responsabilidade, são essenciais para ampliar o acesso a alimentos seguros, nutritivos e sustentáveis em escala global”.
O painel contou com a participação de Eduardo Berkovitz (ABIEF), Sulivan Alves (ABPA), Marcel Sacco (MBRF) e Fernanda de Oliveira Martins (Unilever Alimentos), sob moderação de Gisele Camargo (ITAL), reafirmando o compromisso da indústria brasileira em liderar a produção de alimentos seguros e acessíveis para o mundo.
O Congresso Fispal Tec 2025, segue até amanhã (26), no São Paulo Expo.
Serviço Fispal Tecnologia
Data: 24 a 27 de junho de 2025
Local: São Paulo Expo
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km – Vila Água Funda, São Paulo/SP
Horários: Terça a quinta-feira: 13h às 20h | Sexta-feira: 13h às 18h
Ingressos no site: www.fispaltecnologia.com.br
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