*Martin Eckhardt, presidente da ABRASORVETE
É inegável que nós, do setor de sorvetes, vivemos um desafio que muitos de vocês também conhecem bem: a sazonalidade. Aquele período em que o sol se esconde, a temperatura cai e, com ela, o consumo de sorvete também. Por muito tempo, isso foi visto como um problema, um período de aperto em que a gente só tentava sobreviver.
Mas a boa notícia, e é sobre isso que eu quero conversar com vocês hoje, é que essa mentalidade está mudando. Uma pesquisa recente da ABRASORVETE mostrou que estamos usando a baixa temporada não para nos encolher, mas sim para nos fortalecer. E isso serve de lição para todos nós que fazemos parte do universo da alimentação.
O primeiro ponto que a gente percebe é a diversificação. Muita gente está entendendo que a casquinha não pode ser a única aposta. Nossos associados estão investindo em produtos complementares que não são sorvetes, como bebidas quentes ou doces, para manter a clientela aquecida e interessada. Outros estão explorando a criatividade com linhas de sorvetes que combinam mais com o clima frio, usando sabores mais quentes e aconchegantes.
A ideia é simples: se o consumidor não está procurando por algo gelado, vamos oferecer algo que ele procure. Essa visão de portfólio ampliado não só mantém o caixa girando, como também ajuda a gente a se conectar com os clientes em diferentes momentos do ano.
Outra grande sacada que a pesquisa nos trouxe foi a gestão inteligente das equipes. Em vez de cortar custos e deixar o pessoal de lado, as empresas estão aproveitando a calmaria para investir nas pessoas. Muitos estão concedendo férias coletivas, o que é ótimo para o descanso, mas o mais legal é ver que uma boa parte está usando esse tempo para treinar e realocar a equipe.
Gente da produção, por exemplo, está sendo direcionada para áreas como manutenção de equipamentos ou desenvolvimento de novos produtos. Sabe o que isso significa? Que a gente não só mantém talentos, mas também os qualifica. Na hora que a temporada esquentar de novo, a gente estará com o time ainda mais preparado, mais afiado e com processos internos aprimorados. É um investimento no capital humano que tem retorno garantido.
E claro, não podemos esquecer das iniciativas de mercado. A baixa temporada é o momento perfeito para se reconectar com o mercado e com os parceiros. A pesquisa mostrou um aumento na participação em feiras e eventos importantes do setor. E por quê? Porque esses encontros são a nossa chance de ver o que está rolando de novo, de fazer novos contatos e de solidificar parcerias estratégicas. Além disso, o foco em marketing digital e em canais de food service, como restaurantes e cafeterias, mostra que estamos buscando novos caminhos para chegar até o consumidor, independentemente do clima.
Então, meu recado final é este: a sazonalidade não é uma maldição, é uma oportunidade disfarçada. É o momento de a gente parar, olhar para dentro do nosso negócio, qualificar nosso pessoal, diversificar nossos produtos e se preparar, de forma estratégica, para o próximo ciclo de crescimento. E isso, pode ter certeza, nos faz uma indústria mais madura e, acima de tudo, mais forte.
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