Quando olho para 2025, vejo um ano que consolidou, de vez, a maturidade do mercado brasileiro de suplementos, sendo um período em que o segmento demonstrou capacidade de reagir rapidamente às transformações do consumidor, da ciência e da regulação. Segundo a Future Market Insights, o mercado global de suplementos alimentares deve ultrapassar cerca de US$ 252 bilhões em 2025, com crescimento anual projetado de aproximadamente 7,5% (CAGR 2015–2025), impulsionado pela busca por soluções que ultrapassam o universo esportivo.

Longevidade, bem-estar cognitivo, saúde metabólica e formatos funcionais ganharam protagonismo. Já as gomas, os géis e até os shots líquidos se tornaram verdadeiros símbolos dessa nova fase, aproximando o consumo do cotidiano e ampliando o público.

Ao longo do ano, ficou evidente que o consumidor de 2025 é muito diferente do perfil de cinco anos atrás. Hoje ele se orienta por dois pilares inegociáveis: praticidade e ciência. Quer produtos fáceis de usar, com textura agradável, formatos portáteis e, principalmente, comunicação clara sobre benefícios reais. A maior expectativa de vida da população e o interesse crescente por estratégias de longevidade se tornaram grandes motores dessa demanda. A suplementação passou a ser menos sobre performance e mais sobre manter vitalidade, prevenir declínio cognitivo e apoiar uma rotina corrida, sem complexidade.

E é claro que essa mudança também foi impulsionada pelo avanço tecnológico. A inteligência artificial entrou definitivamente no desenvolvimento de suplementos em 2025, tornando mais rápida a análise de ingredientes, combinações, evidências e perfis de uso. A IA ajudou empresas a acelerar ciclos de P&D e, ao mesmo tempo, aumentou a responsabilidade do setor: não há inovação sem dados robustos, sem estudos bem conduzidos e sem validação técnica. Em 2026, acredito que isso deve se intensificar. A tecnologia vai continuar como diferencial competitivo, mas só prosperará quem sustentar suas decisões em evidências sólidas.

Outro movimento central deste ano foi a ascensão da saúde metabólica e o impacto direto da popularização dos medicamentos agonistas de GLP-1. Pela primeira vez, vimos suplementos deixarem de ser meros coadjuvantes na rotina de quem usa esse tipo de medicamento e se tornarem elementos-chave de apoio nutricional. Proteínas, fibras, compostos antioxidantes e fórmulas específicas ganharam destaque por ajudarem na manutenção de massa magra, na saciedade e na adequação de micronutrientes, temas que se tornaram essenciais nesse novo contexto clínico e comportamental.

Em paralelo, 2025 foi marcado por uma pauta incontornável que é a regulação. A prorrogação do prazo de adequação à RDC 843/2024, por meio da RDC 990/2025, foi recebida pelo setor como uma janela estratégica. Ganhamos tempo, é verdade, mas também ganhamos responsabilidade. O nível de rigor técnico que se espera das marcas aumentou significativamente e o ano foi marcado pelo aumento das ações de fiscalização de produtos e propagandas. Para o próximo ano, veremos um mercado mais robusto, mais seguro e mais competitivo, sobretudo com produtos mais confiáveis para o consumidor.

Pensando em tendências, algumas que, ao meu ver, mais se destacam começam pelo avanço dos formatos inovadores e multisensoriais. Gomas, géis, shots líquidos e sabores indulgentes devem conquistar ainda mais espaço, especialmente pela experiência que oferecem. Em seguida, cresce a presença de produtos voltados à saúde mental e cognitiva, com nootrópicos e bioativos regulamentados, respaldados por evidências e integrados a rotinas preventivas. 

Também observo um movimento crescente de consciência regulatória e transparência, onde as marcas que investirem em estudos de estabilidade e certificações de qualidade terão vantagem clara no mercado. Por fim, a ascensão dos produtos multifuncionais também ganhará destaque. Em vez de buscar um único “nutriente herói”, o consumidor tem abraçado a tendência conhecida como Maxxing out for Diversity In, priorizando variedade e equilíbrio nutricional.

De modo geral, vejo que o setor brasileiro de suplementos entra em 2026 mais maduro. Os aprendizados de 2025 mostram que, agora, não se trata mais de apenas vender, mas de crescer melhor. Se seguirmos essa direção, com certeza continuaremos evoluindo de maneira mais sustentável e orientada para o impacto real na saúde das pessoas, que, no fim das contas, é o propósito maior de toda a indústria.