Considerando que a revisão do marco regulatório de suplementos alimentares no Brasil está em pleno vapor, é quase impossível não falarmos sobre o tema “suplementos alimentares” durante o mês de março, quando celebramos o dia mundial da mulher. Por vários motivos.
O primeiro deles é porque nós mulheres somos grandes consumidoras de suplementos alimentares
Em 2016, a ABIAD encomendou a primeira pesquisa sobre o hábito de consumo de suplementos alimentares no Brasil, em parceria com outras entidades. O objetivo do estudo foi entender os hábitos de consumo destes produtos pela população brasileira. Algo como um mapeamento – quem consome o quê, como consomem, onde compram, assim como, identificar a motivação, influenciadores e “decisores” do processo de compra e consumo.
Foram mais de 1.000 consumidores de suplementos alimentares entrevistados, em 7 capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre e Belém) e 53% dos entrevistados eram do sexo feminino.
Alguns dados revelam o perfil das consumidoras de suplementos. Por exemplo, 44% costumam praticar algum tipo de atividade física, com destaque para caminhada. Outra informação interessante é que, desses consumidores de suplementos alimentares, 67% tem o hábito de ir ao médico de 3 a 4 vezes por ano, sendo que desse público 77% são mulheres. Ou seja: as mulheres que consomem suplementos alimentares se preocupam com a sua saúde.
A pesquisa também mostrou quais são os principais tipos de suplementos consumidos por nós: em primeiro lugar os multivitamínicos, seguido de ácidos graxos (especialmente o ômega 3), minerais (principalmente cálcio) e vitaminas específicas (a vitamina C é a campeã).
A maioria das mulheres começa a consumir suplementos na faixa entre 31-40 anos (25%) e o principal motivo que leva ao consumo é a busca pela saúde (ou seja, se manter saudável e/ou complementar a alimentação saudável) e/ou pela estética (definir massa muscular ou prevenir o envelhecimento). Ainda, ao consumirem suplementos, as mulheres também se sentem com mais disposição/menos cansadas (68%) e mais resistentes a doenças (54%).
O segundo motivo é que as mulheres tem sido grandes protagonistas nas discussões e contribuições para a revisão do marco regulatório de suplementos alimentares no Brasil
O mais interessante é que cerca de 70% dos representantes das indústrias, que atuam na área regulatória e afins e que participam das discussões junto a ANVISA, são mulheres. Ainda, a gerência geral da área de alimentos da ANVISA, que tem conduzido os trabalhos e discussões sobre suplementos alimentares, também é uma posição ocupada por uma mulher.
O prazo final para o envio de contribuições para as Consultas Públicas de Suplementos Alimentares é inicio de abril, que inclui desde a definição e regras gerais de composição, qualidade e rotulagem de suplementos alimentares, limites máximos e mínimos de vitaminas e minerais, listas de ingredientes e aditivos a serem utilizados, dentre outros temas. Um aspecto bastante positivo dessa proposta de regulamentação é a possibilidade de poder comunicar ao consumidor de forma adequada o beneficio do consumo do suplemento no rótulo do produto.
A nova regulamentação promete uma série de avanços, mas ainda restam pontos a serem discutidos e o setor produtivo segue bastante atento e ativo.
Assim, como consumidoras ou protagonistas, nós mulheres esperamos que o resultado dessa proposta seja um regulamento que traga benefícios principalmente aos consumidores – e consumidoras – de suplementos alimentares.
*Por Dra. Tatiana Pires, Engenheira em Alimentos, mestre e doutora em Ciência dos Alimentos, Presidente da ABIAD e parceira de conteúdo da Fispal Digital.