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Como as cadeias produtivas da Amazônia podem impulsionar a bioeconomia

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Descubra como as cadeias produtivas da floresta podem impulsionar a bioeconomia na Amazônia, atingindo R$ 38,6 bilhões em 2050

A bioeconomia amazônica, com suas cadeias produtivas florestais, tem o potencial de atingir R$ 38,6 bilhões em 2050. No entanto, obstáculos que dificultam os investimentos e impedem avanços mais significativos do setor estão presentes. Por isso, soluções estão sendo implementadas por políticas públicas, empresas, academia e organizações da sociedade civil em todas as etapas, desde a extração dos produtos na natureza até o consumo final.

Um estudo recente lançado pelo Idesam, com financiamento do Partnerships for Forests (P4F), mapeou iniciativas bem-sucedidas, com foco na castanha-do-brasil e no cacau. O objetivo é replicar essas práticas bem-sucedidas para superar os gargalos da extração na floresta até o consumo, aumentando a escala da bioeconomia na região.

“É necessário dar visibilidade a soluções para uma maior relevância da bioeconomia no Produto Interno Bruto (PIB), considerando duas cadeias estratégicas pelo impacto socioambiental, quantidade de atores envolvidos e boa resposta para inovações”, destaca Carlos Koury, diretor de inovação em bioeconomia do Idesam, em Manaus.

A região amazônica, que corresponde a 60% do território nacional e abriga a maior diversidade biológica e cultural do planeta, esconde iniciativas locais que estão superando desafios produtivos e logísticos. Essas iniciativas estão impulsionando a geração de renda com inclusão socioprodutiva e agregação de valor.

O estudo abrangeu cinco etapas das cadeias produtivas da castanha-do-brasil e do cacau: extração – manejo, beneficiamento primário, transformação, comercialização e consumo. Em cada um dos elos foram identificados gargalos, possíveis frentes de solução e as referências de sucesso.

Cadeias Produtivas em Foco

Análise das iniciativas de sucesso na extração de castanha-do-brasil e cacau

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A cadeia da castanha-do-brasil promove ocupação e renda para mais de 60 mil famílias de povos e comunidades tradicionais, mais de 100 organizações comunitárias e cerca de 60 empresas beneficiadoras e comercializadoras na Amazônia e em outras regiões do Brasil.

A cadeia do cacau, fruto nativo da Amazônia, tem peso econômico relevante e demanda crescente. No Brasil, existem cerca de 600 mil hectares cultivados e 75 mil produtores, 60% da agricultura familiar. Em 2022, a produção nacional atingiu 200 mil toneladas de amêndoas/ano, com US$ 340 milhões de exportações de chocolates e derivados de cacau.

“Já existem soluções validadas; devemos encurtar caminhos e não só martelar nos problemas”, diz Koury. Segundo ele, “o momento é favorável para um salto no setor, com a estratégia de valorizar a floresta em pé, indo além da fiscalização ambiental e outros esforços de comando-controle contra o desmatamento”.

Exemplos de inovação e sustentabilidade na prática

O case da Mahta demonstra uma abordagem inovadora para a produção de super alimentos, utilizando um resíduo altamente nutritivo proveniente do beneficiamento da castanha na Amazônia. Este resíduo, que anteriormente era descartado, agora é processado para gerar renda na região, ao mesmo tempo em que se agrega valor ao produto final.

O desafio principal tem sido encontrar fornecedores na Amazônia que possam processar esse subproduto em escala viável, visto que atualmente a produção ocorre em São Paulo. Para alcançar a matéria-prima necessária, a empresa tem estabelecido parcerias de compra com outras empresas.

“Por meio de certificações, além de garantir qualidade e abrir portas no mercado, avançamos na gestão dos processos internos, na relação com fornecedores e na sensibilização do consumidor quanto aos benefícios pela origem amazônica”, explica Fabio Muller, head de Operações e Supply da Mahta.

Já a Coopaiter, uma cooperativa indígena, foca na qualidade em vez da quantidade em sua produção de castanha-do-brasil. “Não temos o perfil de disputar preços pela quantidade, mas sim pela qualidade, à altura de um povo indígena que utiliza o produto na alimentação e geração de renda”, comenta Elisângela Suruí, gerente de produção da Coopaiter.

A cooperativa busca sensibilizar os consumidores sobre a importância da preservação da Amazônia, destacando que valorizar a castanha é valorizar a manutenção da floresta. Eles têm como meta alcançar uma produção mensal de 2 mil Kg a um preço que viabilize o processo produtivo. “Quem valoriza a castanha, valoriza a manutenção da floresta como um todo, até porque a movimentação dos indígenas para coleta dos frutos é chave ao monitoramento do território”, diz.

Com apoio do governo estadual, parcerias com empresas e suporte de organizações como a Conexsus, a cooperativa conseguiu iniciar sua produção com preços cinco vezes superiores aos do mercado, mesmo em meio às dificuldades da pandemia de Covid-19. Além disso, têm acesso a políticas de compras públicas que geram renda significativa para os indígenas.

Fred RahalColetores de Castanha da Coopavam

No cenário do cacau, uma cultura nativa da Amazônia, há uma demanda crescente, especialmente em nichos premium que valorizam aspectos socioambientais e a agregação de valor em comunidades locais. O Brasil possui uma produção significativa de cacau, sendo o Pará o maior produtor nacional. Além da cadeia de commodity, há mercados especiais como chocolates finos e manteiga para a indústria cosmética, que são propícios para a produção amazônica devido aos benefícios socioambientais associados à produção em agrofloresta.

A Warabu destaca-se por sua abordagem de alta qualidade e origem amazônica em seus chocolates premium. A empresa estabelece uma relação direta e justa com pequenos produtores, oferecendo capacitação e certificação. Investimentos em tecnologia de ponta garantem a qualidade do produto, enquanto certificações veganas e orgânicas são estratégicas para o reconhecimento internacional.

A empresa planeja aumentar a capacidade de seus fornecedores, garantindo a compra a um preço que é o dobro do mercado. Reconhecida por prêmios, a Warabu tem planos de expansão internacional e continua investindo em melhorias para verticalizar o processo de fabricação e aproveitar ao máximo os subprodutos do cacau. “Apostamos no conceito da alta qualidade e da origem amazônica das matérias-primas por meio de uma relação justa e direta junto a pequenos produtores, com capacitação e certificação. Em 2024, vamos aumentar a capacidade de nossos fornecedores, com garantia de compra”, finaliza Jorge Neves, fundador da Warabu.

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