Pauta cada vez mais presente nas discussões sobre a cadeia produtiva de alimentos, a rastreabilidade ganha força, impulsionada pelo rápido desenvolvimento da tecnologia. Com conceitos de blockchain e explorando as chamadas embalagens conectadas, é possível tornar o processo de distribuição cada vez mais confiável e completo.
As possibilidades dessa tecnologia em evolução foram tema da palestra de Katherine Oliveira de Matos, consultora de Food Safety a convite da SIG no Fórum Embalagem, na Fispal Tec 2019. Dividindo cases nacionais e internacionais, a palestrante ilustrou a relevância do desenvolvimento de processos de blockchain para a cadeia de alimentos.
“A cadeia de alimentos se torna cada vez mais complexa”, comentou. “Trata-se de uma organização feita de subsistemas, que se relacionam simultaneamente e em múltiplos níveis”.
De acordo com a consultora, essa complexidade é causada por uma intensa internacionalização que afeta toda a estrutura. “Cada alimento exige a utilização de muitos ingredientes, e cada ingrediente pode vir de partes diversas do mundo. Tudo isso torna os fluxos da cadeia complexos e em constante movimento”, explicou aos presentes.
“Ambientes complexos exigem estratégias complexas”
Citando cases internacionais, Matos apontou que a rastreabilidade não é uma novidade, mas a tecnologia que agiliza os processos sim. Se antes, como em um dos exemplos citados, foram necessárias duas semanas para identificar o problema em um único lote, com a digitalização dos processos esse tempo é reduzido para minutos ou segundos.
“A tecnologia abre grandes possibilidades no rastreamento e no controle desses produtos. A complexidade da cadeia exige uma estratégia complexa que garanta a qualidade e a proteção de cada alimento, do campo à mesa do consumidor final”, defendeu.
QR Code e rastreabilidade: muito além do recolhimento
Embora de fato agilize a identificação de falhas e antecipe a ação na necessidade de recalls, o uso de QR Codes em embalagens de alimentos gera resultados em outras frentes. “Vivemos a era do compartilhamento. O uso dos QR Codes é uma oportunidade de se conectar com seu consumidor”.
Citando o case conjunto da SIG com a cooperativa Languiru, Matos reforçou as possibilidades. A implantação do QR Code nas embalagens de leite gerava informações simultâneas para a indústria – que era capaz de encontrar lotes e embalagens individuais em toda a distribuição e acessar o histórico de cada item – quanto para o consumidor final – que conseguia saber a origem e o caminho do produto até sua mesa. “Essa ação gerou um impacto significativo nas vendas e na percepção da marca pelo comprador. A Languiru, que antes não figurava sequer no top 3 do estado, passou para o 1º lugar no marketshare do Rio Grande do Sul”, contou.