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Carne cultivada em laboratório deve chegar ao mercado brasileiro em 2024

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Carne cultivada em laboratório deve chegar ao mercado brasileiro em 2024.png
Aguardando a aprovação da Anvisa, duas opções de carne cultivada já despontam: a da BRF, em parceria com a startup Aleph Farms, e a criada com tecnologia nacional pela Ambi Real Food.

Cada vez mais, a carne cultivada a partir de células animais se distancia da ficção científica e se aproxima da realidade da indústria de alimentos. Inclusive do mercado brasileiro, onde já existem iniciativas concretas para o desenvolvimento desse tipo de alimento, que deve chegar ao consumidor até 2024. Para que isso seja possível, os cortes de laboratório também já estão no radar de órgãos regulatórios, que discutem regras específicas para esses ingredientes.

Uma das carnes cultivadas deve chegar aqui por iniciativa da BRF, em parceria com a startup isaraelense Aleph Farms. "Nosso compromisso com o mercado brasileiro é ter carne cultivada para os consumidores a partir de 2024 e nossos estudos indicam que a inovação poderá chegar ao mercado brasileiro como hambúrguer, almôndegas e embutidos, como salsicha e steaks", afirmou Demetrio Teodorov, gerente executivo de Inovação e Novos Negócios da BRF, ao Food Connection.

Para implementar em larga escala a carne artificial que está sendo desenvolvida pela Aleph Farms, a BRF fez parte de uma segunda rodada de investimentos, em julho do ano passado, com um aporte de 2,5 milhões de dólares. Além de estar desenvolvendo a carne em laboratório e com tecnologia de impressão 3D, a Aleph Farms é uma das empresas precursoras de cultivo de carne a partir de células isoladas de vacas. Gary Brenner, VP de desenvolvimento de produtos e mercados da Aleph Farms, falará no Congresso Summit Future of Nutrition da FiSA 22 sobre o impacto desses processos na indústria de alimentos.

Tecnologia 3D

Atualmente, a carne patenteada pela Aleph Farms está em estágio de aprimoramento tecnológico para permitir a produção em escala. No entanto, a empresa já deixa claro como sua tecnologia funciona: células-tronco de bovinos são cultivadas em um ambiente estéril, fora do corpo do animal, com o fornecimento de nutrientes. Depois, com o suporte de um molde 3D, as células se conectam para formar um corte específico de carne.

"Diversos estudos, realizados com base na metodologia de Análise do Ciclo de Vida, apontam que a produção de carne cultivada tem potencial para reduzir significativamente a emissão de gases do efeito estufa, além de diminuir o uso de terras para criação de animais em mais de 90% e o uso de água em até 50%", explicou o gerente executivo de Inovação e Novos Negócios da BRF.

Outra vantagem dessa carne artificial é ser livre de antibióticos, o que proporciona maior saudabilidade à proteína e menos riscos à saúde do consumidor. Também se destaca o período mais curto de produção: três a quatro semanas, enquanto o processo natural da pecuária bovina leva 24 meses.

Desenvolvimento nacional

Já a carne cultivada Ambi Real Food está sendo desenvolvida em um laboratório aqui mesmo no Brasil, em Porto Alegre. Segundo a fundadora da Ambi Real Food, Bibiana Matte, a Ambi nasceu em setembro do ano passado a partir de pesquisas dentro da Núcleo Vitro, uma empresa de biotecnologia.

"Temos parcerias com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Trabalhamos com diferentes empresas do segmento e com a instituição The Good Food Institute", disse Bibiana ao Food Connection. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do SUL (FAPERGS) destinou R$ 200 mil para o desenvolvimento dessa carne artificial.

A Ambi Real Food surge com o isolamento de células bovinas no laboratório. A partir de um processo de engenharia de tecidos, essas células crescem e dão origem a um produto comestível. Essa carne cultivada também resulta em um menor impacto ambiental quando comparada com a carne de origem animal tradicional.

"Sua produção necessita de menor quantidade de água, terra e menor emissão de gases. Adicionalmente, temos a melhora do bem-estar animal, pois não é necessário abater animais para a produção de carne cultivada. E, por fim, por ser um processo extremamente controlado, há menor chance de doenças zoonóticas se desenvolverem", ressaltou a fundadora da Ambi Real Food.

A startup brasileira já tem um protótipo de hambúrguer com carne cultivada e traça comparações com os produtos plant-based existentes no mercado nacional. "Em relação às proteínas vegetais, entende-se que a carne cultivada irá trazer sabor e texturas diferenciados bem como as qualidades nutricionais se aproximarem da carne tradicional de abate", avaliou Bibiana Matte.

"Nós estamos desenvolvendo o produto de carne cultivada e já tivemos avanços bem interessantes desde o isolamento das células bovinas, crescimento dessas células e o desenvolvimento da tecnologia de engenharia de tecidos", afirmou a fundadora da Ambi Real Food. No entanto, a pesquisadora destacou que para que a carne de laboratório chegue ao consumidor ainda são necessárias cumprir algumas etapas, como a regulamentação.

Regulação

De fato, a regulação brasileira de alimentos ainda não contempla regras específicas para a carne cultivada. Porém, o tema já vem sendo discutido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Júlia Coutinho, diretora executiva da Regularium, afirmou ao Food Connection que a carne artificial deve seguir a regra de novos alimentos da Anvisa. A carne de laboratório deve ainda fazer parte do novo marco regulatório plant-based, que deve ser estabelecido a partir de 2023.

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