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Páscoa 2024: como enfrentar os desafios e aumentar as vendas

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Segundo a APAS, para 2024, a vendas de chocolates e ovos de Páscoa deve subir 4,5%; veja os desafios deste ano e como superá-los para vender mais

Agitando o comércio brasileiro, a Páscoa é considerada a sexta data comemorativa mais importante para o setor comercial. Para o segmento de alimentos, porém, sua importância é de primeira grandeza. Segundo a Associação Paulista de Supermercados (APAS), para 2024, o crescimento de vendas de chocolates e ovos de Páscoa está em alta de 4,5% em relação ao ano anterior. 

A projeção da APAS está alinhada com a da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que prevê para a Páscoa de 2024 uma expectativa de faturamento superior aos R$3 bilhões no período, representando, assim, um crescimento de 4,5% em relação a 2023.

Ainda de acordo com o levantamento da CNC, as compras externas de chocolate devem alcançar 3,35 mil toneladas, um avanço de 21,4% em relação a 2023.

Diante desses dados, saiba o que caracteriza o mercado de ovos e produtos relacionados à Páscoa neste ano, os desafios a serem enfrentados e as soluções para esses desafios. 

Aumento da participação de novos players 

Estudo do IBEVAR e da FIA Business School aponta uma redução na participação das vendas de grandes marcas para a Páscoa de 2024. 

No grupo “Convencional”, marcas como Kopenhagen e Ferrero Rocher devem manter uma demanda quase 20% menor quando comparada com o ano de 2023. 

Ainda em comparação com o ano anterior, a expectativa para o grupo “Econômico” que contempla marcas como Garoto, Chocolates Brasil Cacau, Lacta e Cacau Show é de queda de 4,5% nas vendas para a Páscoa deste ano, como consequência do aumento da concorrência, mudanças nas prioridades dos consumidores e possíveis pressões econômicas. 

Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar e professor da FIA Business School, os resultados mostram a importância do controle da inflação para o consumo de bens. “Entretanto, essas pressões, embora atenuadas, voltam a dar sinais de preocupação. O IPCA de fevereiro chegou a 0,83%, o que equivale a uma inflação anual de 10,4%”, afirma. 

Por outro lado, a pesquisa aponta uma tendência de crescimento de 17,6% nas vendas das marcas Premium, em comparação com o ano anterior. Essa classe tem sido ocupada por indústrias menores e players autônomos, que podem se aproveitar dessa pulverização.

“Marcas artesanais podem capitalizar essa tendência, oferecendo experiências de chocolate artesanal de alta qualidade e comunicando efetivamente suas propostas de valor únicas”, diz comunicado do Ibevar. 

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Aumento do tíquete médio 

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Dados da Horus, marca da Neogrid, revelam um aumento no tíquete médio gasto pelo brasileiro de 13,36 reais, entre março e abril de 2022, para 22,42 reais, no mesmo período de 2023 – o que corresponde a um crescimento de 67,8% no período. Isso tratando de produtos não dedicados ao feriado de Páscoa e outros tantos do consumo alimentício como um todo. 

Já para 2024, a expectativa é de que, por conta da melhora dos indicadores econômicos do país, os consumidores estejam propensos a adquirir mais produtos, incluindo ovos e chocolates. No entanto, a preocupação com o preço ainda existe. 

"É esperado um aumento de preço nos chocolates e ovos na Páscoa em função do aumento do preço do cacau em 2023 contra 2022, mas ainda assim a perspectiva para a data este ano é positiva. A previsão é de que os consumidores estejam mais inclinados a adicionar uma variedade maior de itens em seus carrinhos de compras para celebrar a data”, diz Roberta Atherino, head de produtos da Neogrid.

Desafios 

Se confirmadas as expectativas, 2024 representará o quarto ano consecutivo de alta nas vendas, mesmo com o aumento do preço do cacau para importação devido a fatores internos, a exemplo da crise hídrica na Bahia e a ausência de chuva no Pará, como, também, os externos relacionados a seca em países da África Ocidental, como Gana, Costa do Marfim e Nigéria, um dos maiores produtores de cacau do mundo.

Soma-se a isso que, historicamente, as Páscoas que acontecem em março são mais desafiadoras em questões de faturamento do que em abril. Muito se dá pela pouca liquidez de parte da população, que é ainda maior no começo do ano por conta das compras de Black Friday e Natal, impostos como IPVA e IPTU, material e matrícula escolar, além das férias de verão.

E por fim, há a questão da racionalização dos custos. Os consumidores estão cada vez mais atentos a preços e custo-benefício. A edição mais recente do Future Consumer Index (FCI), pesquisa produzida pela EY-Parthenon, braço de consultoria estratégica da EY, uma das maiores consultorias e auditorias do mundo, aponta que 78% dos brasileiros indicam que estarão mais focados na relação custo-benefício enquanto 81% dizem que serão mais cautelosos com seus gastos. 

Além disso, a tendência de aumento nas compras durante a Páscoa se reflete nos dados de ruptura de estoque analisados pela Neogrid, empresa de tecnologia que tem um braço de pesquisas de mercado. Em 2023, a média de ruptura da cesta foi de 9,31%, o que representa um aumento de 0,56 ponto porcentual em relação ao índice de 8,75% registrado em 2022. Isso deteriora a qualidade da experiência e o desperdício, sempre um problema importante no setor alimentício.

Outro ponto de atenção é a troca do ovo de chocolate por outras soluções, apesar da disseminada alta no preço do cacau por todos os seus derivados. O ovo apresentou um aumento de cerca de 20% no seu preço em 2023, na comparação com o ano anterior. Nos atacarejos e supermercados, apesar da alta, cresceu a presença desse item nos carrinhos de compra. Nos pequenos varejos, por sua vez, a variação da presença do ovo de chocolate nos carrinhos não foi tão significativa. 

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Preços em alta das matérias-primas

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Neste ano, pode ser menos eficiente renunciar aos ovos de Páscoa para fugir em direção às barras de chocolate mais simples – e quase sempre mais baratas – na hora de presentear. Isso porque o preço das guloseimas aumentou para todas as variações de produtos. 

Segundo explica o professor do curso de Gastronomia do Centro Universitário IBMR, Giovanni Gropello, “é preciso considerar o aumento do preço do cacau, que é uma commodity”. 

Recente pesquisa divulgada pela empresa de inteligência de mercado Horus, aponta que em fevereiro de 2024, o preço do quilo do chocolate aumentou em relação ao ano passado. Isso, devido ao aumento de cerca de 75% no preço da principal matéria-prima do doce: o cacau. E o preço das barras de chocolate, tidas costumeiramente como mais em conta, teve aumento também de até 11%.

“Neste momento, se aplica a ‘lei da oferta e de demanda’, o que consequentemente vai alterar o preço dos produtos que levam o cacau como ingrediente na prateleira do mercado. Ainda que saibamos que muitos destes produtos não sejam 100% chocolate – alguns levam aditivos, gorduras e açúcares, o que faz com que baixe a qualidade do produto – querendo ou não, o preço do cacau impacta”, analisa.

Em fevereiro, o preço da matéria-prima do chocolate avançou para níveis recordes depois de uma escalada nos últimos meses. O efeito disso tem sido sentido até pelas empresas líderes mundiais, com o volume de vendas da Hershey caindo 6,6% no quarto trimestre de 2023. 

Como resultado da redução da oferta de matéria-prima nacional, ao final do ano passado, os valores das importações de cacau ao Brasil saltaram de 28 milhões para 100 milhões de dólares, um aumento de cerca de 300%, segundo pesquisa da Vixtra, fintech de financiamento de importação, com dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e pela Organização Internacional do Cacau (ICCO). A matéria foi publicada pela IstoÉ Dinheiro.

Além disso, o preço do açúcar, outra matéria-prima que pesa sobre o peso final do ovo de Páscoa, registrava alta às portas do evento. No final de março, o preço futuro do açúcar bruto para maio registrava altas consecutivas, a 22,39 centavos de dólar por libra-peso, o maior nível nas últimas semanas. Os dados são do portal Investing.

Como superar os desafios?

O primeiro e mais importante passo é investir na diferenciação, segundo recomendações da EY-Parthenon para varejo e bens de consumo para a América Latina. 

Produtos licenciados e premium têm mais chances de atrair o consumidor por conta da sensação de exclusividade e evita a comparação lógica e direta entre o preço do ovo x o preço da barra/bombom. Essa vem sendo uma estratégia muito utilizada pelas marcas, principalmente de franquias.

Outro ponto é o e-commerce. A dica é usar o varejo digital como um aliado e um alavancador de vendas. Além de ser usado pelo consumidor para pesquisa e comparação de preço, o varejo online tem um ticket médio de vendas maior do que o varejo físico.

Já quando falamos de supermercados, por exemplo, uma estratégia é apostar na marca própria que pode ter um custo mais baixo ou trazer produtos importados que sejam mais exclusivos para competir com os licenciados.

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Gropello, do IBMR, diz que os pequenos empreendedores têm sido uma saída para pagar mais barato e manter o ritual de presentear com chocolates na Páscoa – e buscando mais qualidade. 

“É interessante (para o consumidor) fomentar o comércio local, buscar os microempreendedores, que fazem a venda com valor, muitas vezes, inferior ao que encontramos no mercado e, quase sempre, com qualidade superior, por se tratar de um processo artesanal, com mais cuidado”, avalia.

Muitos destes empreendedores, lembra, já possuem lojas online, o que facilita a pesquisa de preços sem ter que sair de casa. Neste ponto, considere ainda a avaliação destes produtos nas redes sociais onde as opiniões de clientes ajudam bastante na escolha final.

“Estas pessoas são capacitadas em confeitaria, chocolateria, gastronomia, empreendem com criatividade nestas datas especiais e conseguem um bom lucro por causa desta rede de contatos que já consomem delas. Ao consumir destes empreendedores há um impacto social importante. Desta maneira, apoiamos até mesmo a sustentabilidade, levando-se em consideração o tipo de produto produzido e a finalidade de venda”, explica o professor do IBMR, instituição sediada no Rio de Janeiro e que integra o Ecossistema Ânima.

Aumento da procura na internet

Um estudo da Semrush apontou que o termo Páscoa foi pesquisado 165 mil vezes em janeiro de 2024, um aumento de 50% em comparação com o mesmo período de 2023 e 82,3% em comparação com 2022. Já em março e abril de 2023, meses que a celebração está em alta, o mesmo termo foi pesquisado 4.48 milhões de vezes, um crescimento de 5.66% em comparação com o mesmo período de 2022. 

Além disso, a Semrush analisou as marcas que mais atraem os brasileiros quando o assunto é ovo de Páscoa. Neste quesito, a Cacau Show saiu na frente e contou com mais de 1,64 milhões de buscas na internet em março e abril de 2023, o que também a fez atingir o pico mensal de visitas do seu e-commerce em 2023. Apenas em março, foram mais de 5.9 milhões de acessos, sendo que a média mensal do ano foi de 2.6 milhões. Em abril, a marca registrou 5.1 milhões de visitantes, somando mais de 11 milhões de acessos nesses dois meses. 

Confira quais foram as 5 marcas mais pesquisadas pelos brasileiros e a soma de seus tráfegos mensais em março e abril de 2023:

  1. Cacau Show: 1,64 milhões de buscas, que ajudaram a gerar 11 milhões de acessos ao site
  2. Americanas: 225 mil buscas, que ajudaram a gerar as 103 milhões de acessos ao site
  3. Lacta: 164 mil buscas, que ajudaram a gerar 1,7 milhões de acessos ao site
  4. Kopenhagen: 134 mil buscas, que ajudaram a gerar 1,9 milhões de acessos ao site
  5. Lindt: 101 mil buscas, que ajudaram a gerar 557 mil acessos ao site

Tendências para 2024

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Os produtos presenteáveis estão cada vez mais em alta para o período da Páscoa. O consumidor está buscando outras opções, além dos ovos.

“Chocolates finos, cestas prontas, kits de culinária, arranjos de flores, além de tortas, bolos e colombas pascais. Para a criança, as opções de brinquedos são sempre mais atrativas”, comenta Antônio Sá, especialista em varejo e sócio-fundador da Amicci.

Para ele, é importante que os varejistas fiquem atentos ao tamanho do desembolso, já que clientes podem buscar presentes com valores menores ou até soluções rápidas para satisfazer a necessidade mais imediata da criançada.

Com a inflação dos últimos anos, o consumidor sentiu o impacto no bolso e responde bem a opções que cabem no bolso com preços que respeitam um limite psicológico, tais como: 9,90; 19,90, entre outros. “Com isso, é interessante inclusive separar esses produtos na loja por faixa de preço”, aconselha Sá.

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Ovos premium 

O estudo do IBEVAR – FIA Business School faz uma análise do mercado nacional para a Páscoa de 2024 examinando a estrutura, a dinâmica e as tendências emergentes que moldam o cenário competitivo. Para a realização da pesquisa, as marcas foram classificadas em três categorias, sendo elas: Premium, Convencional e Econômico. Para a identificação do perfil de cada uma, foram considerados fatores como posicionamento da marca, público-alvo, preços, qualidade do produto e percepção de exclusividade. 

Os resultados da pesquisa apontam uma tendência de crescimento de 17,6% nas vendas das marcas Premium, em comparação com o ano anterior. Aparecem como principais motivações a queda da inflação, com a massa real de rendimentos crescendo 4,6% no último ano, mudanças nos gostos dos consumidores e um desejo de indulgência e exclusividade durante a Páscoa. 

Cuidados com armazenamento

Dependendo do tipo de chocolate, seja branco, amargo ou meio amargo, as temperaturas ideais de armazenamento e transporte são de 10 a 18°C, ao passo que em uma condição a partir de 21°C, o chocolate começa a deteriorar-se tanto na aparência como no sabor.

A 24°C, o chocolate amolece e começa a perder a forma. Inclusive, caso contenha nozes, elas ficam rançosas. Já a manteiga de cacau fica gordurosa quando exposta ao sol. Braga explica que 28°C é o ponto de fusão. 

“Quando uma barra de chocolate fica esbranquiçada, com listras cinzas ou bolhas, por exemplo, acontece o que denominamos “fat bloom”. Aqui, os componentes gordurosos se separam e solidificam após o resfriamento, formando uma faixa de gordura na superfície do produto”, diz Marcus Braga, gerente de Vendas da Drivin Brasil, empresa que otimiza processos logísticos de transportes para empresas do setor de alimentos e outros

Esse fenômeno pode ser evitado com armazenamento em temperaturas adequadas (entre 15 a 20ºC) e umidade excessiva.

Outro fenômeno que ocorre devido às oscilações de temperatura é a formação do “sugar bloom”. Isto acontece quando a umidade dissolve o açúcar do chocolate, condição evitada quando não exposto à umidade e variações bruscas de temperatura. 

“Vale destacar que o chocolate até pode ser transportado em temperaturas mais frias, entre 4,4° e 7,2°C, porém há um risco de condensação, caso a carga refrigerada seja descarregada em ambiente quente”, pontua Marcus. 

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Logística 

A logística do chocolate requer uma gestão de frotas com ferramentas de monitoramento e controle em tempo real. Além disso, os ovos de Páscoa, por exemplo, ocupam mais espaço e são mais frágeis quando comparados às caixas com barras de chocolate, implicando, assim, em uma frota maior para transportar a carga equivalente. 

“A distribuição estratégica dos chocolates para as lojas de varejo e atacado requer além de cuidado, precisão e qualidade para atender às gôndolas dos varejistas. Não à toa, as empresas de tecnologia logística desempenham um papel crucial nesta fase”, ressalta Braga.

De acordo com o executivo da Drivin, a Nestlé, uma das maiores empresas de alimentos do mundo e fundamental no atendimento da demanda durante a Páscoa, opera com eficiência uma frota de 2.200 veículos em 14 países, gerida de forma eficiente por meio da Drivin. 

“Atualmente, a colaboração entre as empresas (Drivin e Nestlé) se estende a países como Chile, México, Argentina e América Central, com planos de expansão para o Equador e o Peru em breve. Supervisionada por uma rede de profissionais que avaliam constantemente a implementação, a experiência de mercado e as exigências futuras”, acrescenta o executivo.

 

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