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4 coisas que sua indústria deve saber sobre Food Fraud

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Os casos de Food Fraud representam um risco alto para as indústrias, que devem ser combater o problema estrategicamente. Saiba mais.

Leite contaminado com melamina na China e carne de cavalo encontrada em hambúrgueres e refeições prontas vendidas em supermercados do Reino Unido são alguns exemplos mundialmente conhecidos de Food Fraud.

Infelizmente, esses não são casos isolados. Entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, por exemplo, uma iniciativa coordenada pela Interpol e Europol apreendeu mais de 2.500 toneladas de alimentos falsificados e ilícitos em 47 países.

Já na ação mais recente dessa operação, que ocorreu entre dezembro de 2018 e abril de 2019, o número cresceu expressivamente: foram cerca de 16.000 toneladas de alimentos e 33 milhões de litros de bebidas. O valor estimado somou em torno de 117 milhões de dólares.

Ainda, conforme estimativa da Grocery Manufacturers Association of the United States (USA), a fraude alimentar já afeta 10% de todos os alimentos industrializados comercializados globalmente.

Por tudo isso, casos de Food Fraud representam um grave risco a ser combatido pela indústria de alimentos em todo o mundo. Então, descubra mais sobre esse problema e alinhe suas estratégias.

1. Food Fraud pode estar associada a fraudes que vão além do alimento em si

Lígia Tereza de Moraes Uehbe, diretora de Relacionamento e Desenvolvimento da Certifee, lembra de que Food Fraud se refere a um "termo coletivo que abrange a substituição intencional, adição, adulteração ou deturpação de alimentos/alimentos para animais, ingredientes para alimentos/alimentos para animais ou embalagens de alimentos/ alimentos para animais, rotulagem, informações do produto ou declarações falsas ou enganosas sobre um produto para ganho econômico e que pode impactar a saúde do consumidor"

Desse modo, a Food Fraud pode ocorrer em diferentes insumos, processos e estágios da cadeia produtiva e de suprimentos do alimento. Isso faz com que sejam necessárias atenção e ações preventivas abrangentes para evitar os episódios nas empresas, especialmente levando em conta um mercado cada vez mais globalizado e desafiador.

"Atualmente, temos que estar atentos aos sinais e preocupados com o aumento da fraude dos alimentos, que se caracteriza principalmente pela globalização na cadeia de abastecimento, tempos de desafios econômicos, levando a uma pressão por fornecimento de ingredientes e insumos com baixo custo para um mercado econômico desafiador, e um consumidor cada vez mais exigente", pondera a especialista.

2. Tipos de Food Fraud mais recorrentes

Valeria Lima destaca que "os tipos de fraudes mais comuns em alimentos são: substituição ou diluição de ingredientes, realce artificial, uso de biocidas não aprovados, não declarados ou proibidos, remoção de constituintes autênticos, informação falsa do valor nutricional e/ou alegação fraudulenta no rótulo de um produto, formulação de um produto falso ou falsificações no mercado negro".

Ainda, de acordo com dados divulgados pela Associação Food Safety Brazil, os alimentos que mais frequentemente são alvos de adulteração no mundo são: azeite de oliva, peixes, produtos vegetais com alegações de “orgânicos”, leite, grãos, mel, café, chá, especiarias, vinho e sucos de fruta.

3. Estratégias e tendências para se precaver contra a ocorrência de Food Fraud

A Gerente Comercial e Consultora da Certifee recomenda que as empresas busquem "reduzir as oportunidades para os fraudadores, considerando toda a cadeia de suprimentos. A proteção à fraude deve considerar o mapeamento da cadeia de suprimentos, a identificação de impactos, riscos e oportunidades, a avaliação e priorização dos resultados identificados, a elaboração de um plano de ação e a implementação e comunicação das ações. Ainda, o fortalecimento de regras, uma maior vigilância, mudanças nos padrões de segurança e colaboração entre os envolvidos (indústria, governo, instituições, etc.) são passos importantes no objetivo de manter os alimentos seguros para o mercado consumidor", sintetiza.

Valeria Lima acrescenta que é importante que as empresas "entendam inicialmente o quão vulnerável é seu produto e sua cadeira de fornecimento. É preciso buscar dados de ingredientes e produtos mais facilmente fraudados e de maior interesse à fraude no mercado e tomar ações para mitigar os riscos, tais como incluir requisitos de fraude em alimentos no momento de qualificar um fornecedor. Dessa forma, as empresas devem ter uma avaliação da vulnerabilidade á fraude, um plano de controle e, principalmente, implantar medidas de controle e apoiar o plano de Food Fraud, como um sistema de gestão de qualidade e segurança de alimentos voltados para uma mudança comportamental que impacte positivamente a cultura de segurança de alimentos da marca como um todo. Assim, a indústria deve ter como princípio a transparência das informações para garantir a confiabilidade no produto e, consequentemente, na sua marca".

Também é importante salientar que as ações para mitigar Food Fraud podem variar conforme a origem da matéria-prima, os ingredientes da composição do alimento, o material utilizado na embalagem do produto, entre diversos outros aspectos. Entretanto, uma ação preventiva importante em comum para todas as empresas é a realização de treinamentos específicos, especialmente para os funcionários de áreas-chave, como produção, qualidade e compras. 

Ainda, outra iniciativa que vem sendo adotada pela indústria alimentícia em diversos países é a serialização. Por meio dela, cada unidade do produto passa a ter informações específicas que permitem a sua rastreabilidade. E essas informações podem ser bastante detalhadas, incluindo o Número Global do Item Comercial (GTIN), a descrição do produto, seu número de lote, data de validade e muito mais. Essa estratégia facilita a autenticação para garantir aos consumidores que o produto é genuíno, e ajuda a proteger a integridade da marca.

A tecnologia de blockchain também é uma grande aposta para ajudar a indústria de alimentos a evitar casos de Food Fraud. Conforme estudo da Juniper Research, a indústria global de alimentos poderá economizar aproximadamente US$ 31 bilhões em custos de Food Fraud até 2024 com a aplicação dessa tecnologia para monitorar suas cadeias de suprimentos. Marcas como a Nestlé já estão testando essa aplicabilidade, por exemplo, em uma linha de cafés, disponibilizando ao consumidor informações sobre os agricultores, a época da colheita, o período de torrefação do café, entre outras.

4. Consequências de envolvimento em caso de Food Fraud e impactos dessas fraudes na indústria de alimentos

Quando os consumidores compram alimentos, confiam que o produto dentro da embalagem corresponderá ao rótulo e ao que dizem suas campanhas de comunicação. Assim, mesmo que a fraude alimentar não cause problemas de saúde pública, ela poderá impactar negativamente na experiência do consumidor com a marca, nos resultados obtidos com o consumo do produto, entre outros pontos que poderão fazer com que ele não volte a adquirir o alimento.

Além disso, é preciso considerar a possibilidade de recomendações negativas sobre o produto, causando prejuízos para a imagem da marca e para seu market share - mas essa é só uma parte do problema.

A Consultora da Afam explica que "as principais consequências são perdas econômicas. Por vezes, as fraudes podem impactar a saúde e segurança do consumidor, ter impacto negativo na marca da empresa, tendo em vista que podem ser alterados ingredientes e/ou insumos por outros não seguros, uma vez que o pensamento do fraudador está voltado à maximização da renda ou redução de custos de produção. Segundo John Spink, diretor da iniciativa de fraude alimentar da Michigan State University, EUA, a fraude custa mundialmente à indústria de alimentos cerca de 49 bilhões de dólares por ano. Lembrando de que infrações como fraudes de alimentos são consideradas crimes que estão previstos no Código Penal Brasileiro de 1940, artigo 171 e Código de Defesa do Consumidor de 1990 capítulo IV, artigo 18", finaliza.

 

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