O café é mais do que uma paixão para o brasileiro: é tradição de plantio, indústria e consumo, que nos coloca em destaque no cenário mundial. Segundo o Dieese, são consumidas, em média, de três a quatro xícaras de café diariamente por pessoa no País. O hábito se funde às principais refeições da manhã e da tarde e, por que não, uma dose após o almoço.
Com uma das maiores produções de grãos para consumo interno e exportação, o 100% Arábica já é conhecido do público e a tendência de mercado é oferecer opções com qualidade cada vez mais profissional para as cafeterias. Mas o consumidor não espera apenas um bom produto: ele precisa ter uma cadeia de produção sustentável e boas práticas sociais.
Foi no início do século XVIII que o País começou a investir em produção de cafe no Pará. Desde então muita coisa mudou, sendo a principal delas a forma como o cultivo é realizado. Além das inovações tecnológicas que vêm aperfeiçoando a experiência de quem consome a bebida, a valorização do processo de produção, que outrora era cultivado por mão de obra escrava, é uma das características importantes para a valorização no mercado interno, somada à sustentabilidade do processo.
A Fispal Food Service reuniu os principais produtores de grãos que trazem diferentes tendências para o mercado. É possível notar que o público quer saber tudo sobre a produção e essas informações podem ser determinantes para a escolha do fornecedor.
A sustentabilidade envolve o compromisso com o produtor e a rastreabilidade do grão
Para João Carlstron, Trader da 3 Corações, as tendências mais modernas entre os produtores de café devem estar alinhadas ao olhar para a produção interna e a valorização do que o Brasil tem de melhor para oferecer. O último lançamento da marca é a linha Portinari. Com grãos 100% Arábica, traz notas florais, frutadas ou trufadas, em embalagens com artes do pintor. Outras duas linhas brasileiras da 3 corações são a Florada, produzida por 3.200 mulheres cafeicultoras, e a linha Tribos, em que o grão é produzido em lavouras indígenas, cujo resultado é um café 100% amazônico.
“Trouxemos três linhas que buscam inovar e tudo isso está atrelado à brasilidade. Temos uma linha de cafés assinada por Portinari; outra linha, que faz parte do nosso projeto Florada, são cafés produzidos por mulheres. Também temos a Linha Tribos, cujo café é produzido por indígenas, no estado de Rondônia. Como a Fispal é profissional, essas linhas atendem esse público perfeitamente porque são cafés com grãos tradicionais, com mais de 80 pontos (na escala da Associação Americana de Café Especiais – SCAA)”, explica Carlstron.
No mercado desde 1983, a Cooxupé é uma cooperativa que contempla mais de 16 mil famílias de agricultores que cultivam café 100% Arábica. A marca aposta no controle de qualidade dos grãos para manter a entrega do produto durante todo o ano, sem interferências das safras. Segundo Adriano Veronese, gerente comercial da empresa, além de levar o sabor profissional para clientes mais exigentes, as empresas precisam estar atentas com a sustentabilidade da produção para garantir a sobrevivência no mercado.
“Hoje trabalhamos com duas principais linhas no mercado: a Evoluto, um café para o dia a dia, e nossa linha gourmet, a Prima Qualità, um café de bebida mole (apresenta a doçura natural da fruta), que também é voltado para o apreciador de bons cafés. Sustentabilidade é uma obrigação das empresas, quem não tem sustentabilidade hoje no País vai ficar de fora do mercado. O usuário está cada vez mais exigente e a Cooxupé é uma empresa que exige um processo sustentável em todas as suas etapas.”
Quem também acredita na sustentabilidade como propulsora do negócio é a Café Selo Verde. Eles estão há mais de 50 anos no mercado da cafeicultura e desde 1992 a preservação ambiental é um dos focos. A empresa produz grãos 100% Arábica no subtipo Mundo Novo, em sua linha Gourmet, o carro chefe da casa. Recentemente, lançou a linha de edição limitada de 200 unidades, Premiado, com o subtipo Catuaí, variedade exclusiva do Brasil. A linha possui 87 pontos pela SCAA — toda a produção é feita no Sul de Minas Gerais.
“Toda a plantação é cultivada com o mínimo de agrotóxico e o café é torrado com a utilização da palha da fruta e sem gás, para evitar que o sabor interfira na qualidade do grão. Após utilizadas, as embalagens retornam para a fábrica, onde são transformadas em ecobags. Tudo é pensado para que o nosso processo seja o mais sustentável possível, por isso o nosso café tem o selo verde. Tentamos ter o máximo de qualidade e pureza do café. Trabalhamos com o 100% Arábica, subtipo Mundo Novo, ele tem uma doçura bem acentuada com notas de chocolate e caramelo”, garante Taís Figueiredo, responsável pelo Marketing da empresa.
Apaixonados por converter sustentabilidade em vendas
Nas cafeterias, o sucesso de linhas que investem em sustentabilidade e valorizam o produtor já é nítido. Nayara e Bruno Barros, proprietários da Picadeiro Café, localizada em Monte Mor, no interior de São Paulo, gostam de saber exatamente quem produziu o subtipo Catuaí que eles vendem, já que os clientes são exigentes e sempre tem gente nova querendo experimentar cafés especiais.
“Gostamos muito do Catuaí amarelo e vermelho, são cafés mais doces e cítricos”, explica Bruno. “Temos uma parceria com uma torrefação do Sul de Minas e saber de onde veio, como e por quem foi feito, é fundamental”, explica o barista.
“No início desse ano eles trouxeram dois microlotes feito por mulheres que foi uma das nossas melhores campanhas. Foi sensacional, o café tinha um sensorial incrível, notas agradáveis e a questão de ser feito por mulheres também chamou muito a atenção do nosso público”, comemora Nayara, feliz com o crescimento nas vendas.
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