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A luta titânica do setor de alimentação fora do lar para sobreviver

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O setor da alimentação fora do lar passa por uma situação que se assemelha a uma tragédia shakespeariana coletiva, enfrentou e continuará enfrentando por vários meses uma tempestade perfeita.

Cerca de 30% dos estabelecimentos fecharam as portas, a maioria de forma definitiva, e outro tanto, senão mais, poderá quebrar nos próximos três meses, se  a pandemia persistir em níveis elevados. E tudo indica que isso ocorrerá, em especial devido aos desencontros do governo federal, que  não consegue entender a gravidade da situação e por isso ou por carências diversas de gestão (para ser elegante), não consegue sequer comprar a vacina salvadora. Não bastasse isso, estimula a população a não tomá-la, diz que quem a tomar vira jacaré e outras estultices.

Nesses meses que se seguirão, vencerão empréstimos bancários, os trabalhadores terão direito à estabilidade, impostos voltarão a ser cobrados, locadores irão querer alugueres plenos e até partes que foram adiadas no apogeu da primeira onda, fornecedores serão mais rigorosos, pois também passam por dificuldades, teremos aumento de alugueres pelo IGPM (23,14%), em alguns estados de ICMS, energia, água e gás, isso sem falar da explosão da inflação nas áreas de alimentos e bebidas.

E de outro lado,  dificilmente o setor se livrará de restrições e preconceitos neste ano, as famílias estão mais endividadas do que nunca, temos 14 milhões de desempregados, quem não perdeu emprego e renda tem medo de perdê-los, evitará gastos o quanto for possível.

As últimas restrições de alguns  governos estaduais e municipais completam o quadro de crueldades.  Não permitir que os estabelecimentos vendam bebidas alcoólicas não tem nenhum embasamento científico. E isso foi reconhecido por um desembargador jurista do Tribunal de Justiça de São Paulo, que deferiu liminar em ação proposta pela ABRASEL. Mas esta logo foi cassada pelo presidente do STF, Luiz Fux,  em decisão preconceituosa e generalista, sem responder porque um governador pode proibir um produto que pode ser vendido legalmente. Poderá proibir o guaraná? O pão de queijo? Desafio alguém que tenha a coragem de dizer que é conduta rotineira das pessoas que vão jantar em restaurantes, geralmente famílias, casais, pessoas desacompanhadas, se comportarem conforme dizem as autoridades: “bebem, discutem, se contaminam”. 

Claro que têm bares que não seguem protocolos, mas estes é que deveriam ser advertidos, fiscalizados, se preciso penalizados e não todo o setor.  

Mas não é bem isso que aconteceu em São Paulo e agora repercute em outros estados, onde o governador determinou fechamento de todos os bares às 20 horas, que equivale a proibi-los de funcionar. No mesmo balaio colocou quem cumpre normas ditadas pelas autoridades e quem as infringe.

A energia das autoridades deveria ser dirigida para a fiscalização e para evitar fatos que efetivamente contaminam, como foram as eleições, as festas de fim de ano, os aglomerados de milhares de pessoas em ruas de comércio, os pancadões, o transporte público lotado. Mas a estes, o governo nem sequer se dirige, pois não será atendido. De fato, estamos em uma sociedade dual, boa parte da sociedade está excluída social e economicamente (inclusive parte de bares e restaurantes, os informais),  essa gente os governos (federal, estaduais e municipais) não atingem e por isso vão atrás de bruxas e bodes expiatórios. 

A cada dia, perde-se investimentos de pequenos empresários, empregos, massa salarial e potencial de consumo, locais de prestação de serviço, de lazer saudável, atrações turísticas,  de excelência gastronômica construída ao longo de décadas. A reconstrução será tarefa hercúlea. 

E o mais atroz,  estúpido, difícil de aceitar é que tudo isso tem sido inútil,  até gera efeitos contrários. 

Se os restaurantes têm possibilidade tão restrita de atender clientes,  estes, não podendo acessá-los. Vão ter que almoçar no fundo da loja, no escritório, na rua, onde a possibilidade de contaminação é muito maior. Quanto ao fechamento de bar às 20 horas ou até totalmente, isso irá propiciar a proliferação como nunca das festas clandestinas, agravando a  pandemia. Até mesmo as reuniões caseiras, com poucas pessoas, acabam sendo mais contaminantes do que num bar onde todos são obrigados a sentar distanciados, seguir protocolos,  são fiscalizados em suas condutas.

Por isso é justo que se diga que a tempestade é perfeita, vai continuar por mais um tempo.  A sobrevivência vai depender como nunca da ação competente e enérgica das entidades do setor e da resiliência e qualidade de gestão do empresário

 

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