O que é saudabilidade em 2024? A indústria precisa se adaptar à demanda de produtos mais naturais e sustentáveis, com ingredientes familiares ao consumidor. Saiba mais neste artigo de Elo Espinosa.

Que o consumidor mudou e tem mais consciência sobre o que consome não é novidade para ninguém. Novos hábitos, um novo olhar e uma preocupação maior com a saúde.

Mas o que é saudabilidade em 2024? O conceito mudou, junto com o hábito do consumidor. A indústria está sob pressão, pois o cenário atual exige mais transparência, produtos mais naturais e sustentáveis e ingredientes que são familiares ao consumidor ou que estão presentes na despensa de casa.

Alimentos com rótulo limpo ou o famigerado clean label

A primeira vez que escutei essa expressão foi na Europa há quase 20 anos. Naquela época, já se discutia lá o crescente interesse dos consumidores por produtos que conheciam, confiavam e acreditavam ser a melhor opção para eles e suas famílias.

Bem, voltando à nossa realidade tupiniquim… aterrizamos no ano de 2019.

Naquele momento, começo a ver nos meus clientes, feiras e workshops do setor a discussão sobre alimentos mais naturais, sem aditivos artificiais e com ingredientes “conhecidos”. Em pesquisa realizada entre 2019 e 2020 por FMCG Gurus, somente 38% dos consumidores já haviam escutado sobre clean label. Entretanto, 72% alegaram que é importante consumir produtos 100% naturais, com ingredientes autênticos e reais.

Alguns comentários relevantes:

A palavra “real” me remete à famosa afirmação de ativistas da alimentação:

“Precisamos nos alimentar de comida de verdade!” Por acaso, existe comida de mentira? Em 30 anos trabalhando com alimentos, não conheci!

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Outro ponto curioso é que a maioria das pessoas associa tudo que vem da natureza como algo exclusivamente bom para a saúde. Mas se esquecem que existem vários venenos letais na natureza. Nem tudo que vem da natureza é bom, não podemos generalizar dessa forma. Cuidado!

Outro mito que precisa ser mitigado é o de que tudo que é químico é ruim. A química está presente em tudo e todos e muita gente fica perplexa quando eu conto que a maçã tem diversos elementos químicos em sua composição.

Voltando à nossa pauta do artigo…

O consumidor está muito mais consciente e exige mais transparência e segurança para fazer suas escolhas. É aqui que o conceito de clean label ou “rótulo mais limpo” (como prefiro chamar) faz muito sentido: alimentos elaborados com menos ingredientes e matérias-primas de qualidade, que são reconhecidas como familiares, fáceis de entender, sem nomes complicados. Sem falar de naturais x químicos, por favor!

Nós, a comunidade de Pesquisa e Desenvolvimento da indústria, devemos estar em busca constante de tecnologia para alcançar os mesmos patamares sensoriais, de performance, conveniência e shelf-life restringindo os “ingredientes banidos” pelo consumidor.

Mas quais são eles, já que não existe uma legislação específica de clean label para seguir? As demandas dependem de cada mercado e cada segmento. Nas áreas onde atuo (Panificação, Confeitaria & Snacks Assados), desenvolvi um guia básico para ser usado por meus clientes de consultoria e mentoria, independente do porte ou origem da empresa (indústria, empreendedor ou startup).

GUIA BÁSICO DE INGREDIENTES DE USO RESTRITO:

  1. Corantes artificiais;
  2. Aromas artificiais;
  3. Adoçantes artificiais;
  4. Conservantes artificiais;
  5. Bromatos;
  6. Xarope de milho de alta frutose;
  7. Óleos e gorduras parcialmente hidrogenados;
  8. Glutamato monossódico;
  9. Dióxido de titânio;
  10. Corantes caramelo e tartrazina.

Em panificação muitas empresas também optam por trabalhar sem emulsificantes, substituindo esses aditivos por enzimas que trazem a mesma funcionalidade na massa e no pão.

Quer avaliar como estão seus produtos frente à essa nova realidade do mercado? Diagnosticar possíveis oportunidades de melhorias e implementá-las paralelamente aos seus projetos de inovação? Me escreve, que te ajudo com o maior prazer!

*Eloísa Espinosa é especialista em negócios, gestão e inovação, fudadora do E.L.Ô. Connecting Food & People e vice-presidente do Instituto Alimentar Brasil.