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Tendências e perspectivas para o mercado de proteínas alternativas em 2023

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As proteínas alternativas tendem a ganhar cada vez mais espaço na mesa do consumidor; veja tendências e o que falta para popularização desse tipo de alimento

Já há alguns anos que empresas de alimentação, institutos de pesquisa e parte da população falam sobre o futuro da proteína alternativa, que viria como uma opção aquela de origem animal. Talvez essa tendência não tenha se confirmado na velocidade esperada, mas uma coisa é certa: o hábito do consumidor de proteínas mudou.

O mercado de proteínas alternativas ainda enfrenta uma série de desafios, principalmente quanto ao preço, sabor e valor nutricional, mas muitas evoluções já podem ser observadas no mercado.

Diante disso, entenda melhor o que são proteínas alternativas e quais as principais tendências e desafios relacionados à produção e venda desses novos produtos.

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Proteínas alternativas: o que são?

A discussão sobre as proteínas alternativas, criadas para substituir a carne, vem ocorrendo há décadas, mas as crescentes preocupações com o desenvolvimento sustentável, bem-estar animal e saúde humana nos últimos anos aceleraram o debate.

Basicamente, as proteínas alternativas são aquelas derivadas de produtos vegetais (plant based) ou produzidas em laboratório a partir de células animais, sem recorrer ao abate de animais (carne cultivada). Elas surgem como boas substitutas de produtos de origem animal.

Os produtos vegetais análogos aos tradicionais (à base de carne de abate) são produzidos pela combinação de matéria-prima vegetal (grãos, frutas, tubérculos, raízes tuberosas, entre outros) e aromas, a fim de imitar o sabor e a textura de produtos de origem animal.

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Já a carne cultivada é a carne produzida pelo cultivo de células. Essa tecnologia é baseada em avanços na biologia de células tronco e engenharia de tecidos, que visa multiplicar as células com fins medicinais ou estéticos. Com o tempo, essa área da ciência passou a atender também o setor alimentar.

Mudança de hábitos do consumidor

No período de pandemia, o consumidor revisou muito seus hábitos, e uma das consequências disso foi a redução do consumo de carne, fazendo a substituição por proteínas vegetais ou outras proteínas de origem animal, de menor custo, como o ovo.

Neste contexto, Camille Lau, diretora de marketing da Seara, explica as razões para essa mudança de hábitos. “Hoje em dia, o consumidor busca reduzir seu consumo de proteínas animais por questões de saúde, e para ajudar o planeta, pensando em sustentabilidade e também em bem-estar animal”, diz Camille.

Além disso, a diretora de marketing da Seara salienta que 63% das pessoas dizem que gostariam de reduzir o consumo de proteínas animais ou substitui-las por uma proteína alternativa. “Diante desse desejo do consumidor, entendemos que já há uma abertura para aumento do consumo desse tipo de produto. Mas ainda temos alguns desafios e barreiras a serem superados”, opina.

Futuro precisa de proteínas alternativas

Uma dúvida bastante recorrente dentro do mercado de proteínas alternativas é entender quem é o público consumidor desses produtos. Camille Lau diz que eles ainda são comercializados apenas para uma parcela de maior renda da população, com destaque para as classes A e B, mas a tendência é que isso mude.

A diretora de marketing da Seara explica que, no ano de 2050, a população mundial será de 10 bilhões de pessoas, e não existe capacidade produtiva suficiente para atender essa expressiva demanda e não viabilidade ambiental para tanto. A solução é adotar novas maneiras de produzir proteína.

“Hoje, são as classes A e B que consomem proteínas alternativas. Elas escolhem o que vão comer e precisam pagar mais para isso. Mas nossa companhia olha para o futuro e para um maior volume de consumo desse tipo de produto”, complementa.

Desafios

De fato, o mercado de proteínas alternativas tende a crescer e ocupar mais espaço nas gôndolas dos supermercados e nas mesas dos consumidores. Mas, para isso, algumas barreiras ainda precisam ser ultrapassadas.

De início, a proteína alternativa precisa ser agradável do ponto de vista de características sensoriais (aroma, sabor, suculência, maciez e cor). “Ninguém quer comer produto ruim, cabe à indústria promover constantes aperfeiçoamentos para aproximar esse produto alternativo do original”, opina Camille.

Por outro lado, o produto precisa ser mais acessível em termos de custo. Neste caso, Sérgio Pflanzer, professor da Unicamp e pesquisador da área, realizou um recente estudo que identificou que 75% de 4.700 brasileiros entrevistados tinham interesse em provar carne cultivada, porém, apenas 5% estariam dispostos a pagar a mais por esse produto.

“A grande maioria dos entrevistados experimentariam esse produto, mas mudariam seu hábito se consumo se o produto tivesse o mesmo preço ou fosse mais barato que o produto tradicional”, diz o especialista.

Um último limitador da entrada de carnes cultivadas e proteínas vegetais no mercado é o cuidado com a questão nutritiva, ou seja, o produto não pode só ser barato ou ser gostoso, ele precisa apresentar características nutricionais próximas à proteína animal.

“O consumidor brasileiro não terá problemas para migrar da carne para o análogo de carne, basta o produto ser mais barato, nutritivo e sensorialmente agradável”, complementa Pflanzer.

Como baratear

Camille Lau salienta que a pesquisa em novos ingredientes é constante dentro da Seara. “Nosso time de pesquisa e desenvolvimento vem trabalhando incansavelmente na busca por proteínas mais acessíveis, e vimos na soja uma ótima opção”, diz.

Segundo Camille, a escolha pela soja é porque ela apresenta um resultado interessante na substituição à carne, sua produção pode ser mais sustentável e porque o preço dessa matéria prima é acessível.

No entanto, a diretora da Seara ressalta que essa cadeia ainda não é bem desenvolvida no Brasil, principalmente na questão das certificações, o que exige importação de matéria prima. “Ainda precisamos melhorar nossa cadeia como um todo”, salienta.

Por fim, outra opção para baratear os produtos análogos à carne citado por Camille Lau é olhar para a cadeia como um todo e identificar aqueles pontos que precisam ser trabalhados.

“Devemos olhar para as duas cadeias (proteína animal tradicional e proteína vegetal) e enxergar aonde estão os pontos que merecem maior atenção e precisam ser trabalhados. A Seara conhece estes pontos e está fazendo sua lição de casa”, finaliza.

 

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